(uma lição psicogeométrica)
só eu sou eu
eu só sou eu
eu sou só eu
eu eu sou só
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Ps. Poema antigo reformulado
sábado, 10 de fevereiro de 2007
quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007
Auto-análise
Outro dia li meu último texto. O anterior a esse e o outro também. Li também o meu primeiro. Interessante: uma perspectiva literária de mim por mim. Uma melhora clara no texto, em estilo, vocabulário. Maturidade principalmente. Isso é nada mais que óbvio, considerando os cinco anos que me separam de minha primogênita criação –e cinco anos quando se tem quinze e depois vinte são uma vida inteira.
Mas o que me chamou atenção, digo, o que era gritante e saltava do texto para os meus olhos era que eu escrevia desde o princípio sobre a mesma coisa. Todos os meus textos me soam como uma replicação daquele primeiro, aquele primeiro poema, onde os versos sequer eram livres, aquelas parcas dezesseis linhas dizem tanto quanto posso dizer quem sabe até o fim da vida.
Ora, pensas tu, exagero! Não é. Em nuances e diferentes formas, em contos ou poesias ou crônicas ou o quer que o valha, leio sempre a mesma coisa, a mesma idéia, o mesmo adolescente encantado com um romance malfadado por sua natureza platônica. Encantado com amar por amar, como só dizemos na primeira vez.
E se não a tivesse amado? E se, no momento crucial, dissesse a mim mesmo, que não me valeria (como de fato, nada me valeu). Por que há um momento em que decidimos, um momento racional, e nesse instante perguntamos: amo ou não amo? E a resposta, e tanto faz se uma ou outra, é acolhida incondicionalmente, como lei natural.
E se não a tivesse amado? E se dissesse não –supondo que pudesse dizer não, não creio- sobre o que escreveria? Escreveria esse texto? Ou, por outra, não escreveria, nem verso nem linha. Nem uma só palavra sobre ela. Nem uma só palavra sobre mim. Uma folha em branco é o que diria ao mundo, e talvez rabiscasse desenhos, obscenos ou não. E se não a tivesse amado? O que então?
E se não a tivesse amado cinco verões atrás?
Talvez não escrevesse tanta besteira.
Mas o que me chamou atenção, digo, o que era gritante e saltava do texto para os meus olhos era que eu escrevia desde o princípio sobre a mesma coisa. Todos os meus textos me soam como uma replicação daquele primeiro, aquele primeiro poema, onde os versos sequer eram livres, aquelas parcas dezesseis linhas dizem tanto quanto posso dizer quem sabe até o fim da vida.
Ora, pensas tu, exagero! Não é. Em nuances e diferentes formas, em contos ou poesias ou crônicas ou o quer que o valha, leio sempre a mesma coisa, a mesma idéia, o mesmo adolescente encantado com um romance malfadado por sua natureza platônica. Encantado com amar por amar, como só dizemos na primeira vez.
E se não a tivesse amado? E se, no momento crucial, dissesse a mim mesmo, que não me valeria (como de fato, nada me valeu). Por que há um momento em que decidimos, um momento racional, e nesse instante perguntamos: amo ou não amo? E a resposta, e tanto faz se uma ou outra, é acolhida incondicionalmente, como lei natural.
E se não a tivesse amado? E se dissesse não –supondo que pudesse dizer não, não creio- sobre o que escreveria? Escreveria esse texto? Ou, por outra, não escreveria, nem verso nem linha. Nem uma só palavra sobre ela. Nem uma só palavra sobre mim. Uma folha em branco é o que diria ao mundo, e talvez rabiscasse desenhos, obscenos ou não. E se não a tivesse amado? O que então?
E se não a tivesse amado cinco verões atrás?
Talvez não escrevesse tanta besteira.
sábado, 3 de fevereiro de 2007
Nonsense
Igual todo o dia ele virou na mesma esquina. Igual todo dia embicou na contra-mão, aquele curtinho espaço que lhe poupava uns bons seis minutos. Igual todo dia tocou de leve a buzina pra não pegar ninguém desprevinido. Igual todo dia o mendigo olhou pra ele só de lado e bebeu mais um gole da sua garrafa de qualquer coisa.
Mas não era um dia igual os outros. Nasceu sob signo de capricórnio ou escorpião, com saturno passando pra trás vênus, marte, quiçá a terra, coisa dessas inexplicável desde o momento que nasce. Se tivesse lido o horóscopo no jornal, Tenente Moreira -que por sinal jamais haveria de ler o horóscopo nem que fosse a última coisa a ser lida em uma interminável ida ao banheiro- nada teria lido de auspicioso, por sinal. Era um dia de tal maneira diferente, que, transcendendo o transcendental, se deu a história mais ou menos assim:
Você está multado, disse o guardinha que parecia estar lá tão somente para fazê-lo e ir embora com a sensação de dever cumprido. Tentente Moreira cuja falta, a seu ver, jusficava-se pela freqüência por que se dava, argumentou que o guarda só poderia estar de sacanagem. Faço isso todo o dia, porra!
Excedeu-se no porra. Cidadão, praguejar não vai te ajudar não. Você estava errado! Não estava?
Era inútil dizer que não. Mas raciocínio afiado, orgulho de mamãe, pensou por outra via. Tava, tava errado sim. Mas você nunca está aqui!
Que diferença faria a ausência do guarda se dava mais ou menos na mesma linha de raciocínio que justificara a persistência do erro tão somente por sua inauguração. O guarda ainda assim dignou-se a responder: Senhor... Não me venha com desculpas. Eu estou aqui todo santíssimo dia. Mentira!
Verdade! Eu o vejo aqui todos os dias, interrompeu um senhor (até então) alheio à conversa. Velho filho da puta, pensou sem dizer Tenente Moreira.
Mas acudiu-lhe uma idéia quando já pensava estar tudo perdido, como luz em fim de túnel, como mais óbvia via: a carteirada! Afinal, não se tratava de um simples moreira. Quatro anos de academia o fizeram mais do que isso, o fizeram Barão em terra de silvas. E no bolso esquerdo da calça estava a prova documental, nome e foto três por quatro, cargo quartel e lá mais o quê.
Qual não foi sua surpresa quando após detido e cuidadoso exame o guardinha o olhou de alto a baixo e perguntou: Que quer que se faça com isso? Bolas, sou militar! E a multa com isso? Militar, porra! Mi - li - tar!
E a senhora que passava curva pela idade e peso das compras irritada: Tanto se nos dá que sejas militar! És milico, somos civis! Hás de nos dar umas porradas?!? Percebes que teus tempos já se foram?, e antes que lhe pudesse responder, pega tua carteirinha e já lhe digo onde a enfias!
Escandalizado Tentente Moreira pegou-a de volta das mãos do guarda e enfiou no bolso sem reparar que amassava. Já sem nervos ou opções, aceitou estóico: dá logo a multa, não faz mais que a obrigação, estava errado, estás certo, acabe isso de uma vez logo! O guarda sacou sua caneta triunfante enquanto recolhia os dados necessários, placa modelo motorista.
E o mendigo tomou outro gole de sua qualquer coisa e só agora se podia reparar que percebia atento o que se dava, sem emitir juízo maior do que o franzir de sobrancelhas. Até agora...
Levantou-se deixando para trás suas parcas coisas, e num salto alcançou o topo de um fradinho. Virou-se eloqüente para sua multidão de passantes e disse:
Foi sem acidentes que se deu essa anti-cidadã atitude de nosso vulgo Tenente Moreira. E, vil criatura, de culpa assinada, tentava convencer o juiz máximo de sua inocência por seu repulsivo e insistente maucaratismo! Mas e se, obra de acaso, metesse o carro sobre inocente e vagabundo cão? E se, veloz demais, não puder frear e der cabo da senhora que carrega suas compras, esborrachando-a com seus tomates em homogênea massa? E se, ó impiedoso Deus, a ditraída criança não percebe o buzinar? Que havia de ser de nosso mundo fossemos todos tententes moreiras alheio aos outros e só consigo se importar-nos?!?
E, virando-se para o carro, A multa lhe cai bem? Pois ela só não o ensina! Eu o sentencio!
E a turba (que nesse momento a multidão virou turba nas mãos de alquímico retórico) veio a si, pantagruélico animal, envolvendo e devorando o carro. Calotas sem roda, capô sem um carro, motor sem bateria e mais... Para brisa sem vidros e o puxam pra fora. A sentença está feita e Tentente Moreira chora arrependido. Numa mordida se arrancam dois dedos, e vão ser chupados até os ossos. A cabeça já não tem um pescoço que lhe caiba e o maior quinhão é do Mendigo Rei. Os olhos são como uvas de desagradável gosto. O pau ostenta indeterminado gozo.
E quando não há mais nada, a turba volta a ser multidão. E a multidão segue seu caminho tranqüila, sensação de cumprido dever.
sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007
Hoje vai chover
Provável que fosse chover.
Melhor levar um guarda chuva, pensei. E levei.
E o trago comigo debaixo deste céu meio nublado –ou meio ensolarado, vulgar discurso de otimistas. E ando nas ruas à espreita, a espera de um pingo que precede a tromba d´água. Ele não vem.
Provável que fosse chover.
Foi o que disse a moça no jornal e toda a gente sabe muito bem que o tempo da metereologia imprecisa ficou pra trás há muito. Hoje as chances são de 99.9% e se erra uma vez em mil é infinitamente improvável que o faça no dia em dez anos que resolvi dar atenção ao que dizia.
Mas ainda não choveu.
Nem um pingo me consola. Nem um cuspe descuidado. Nem a água das plantas do terceiro andar de um prédio. Nem uma merda de passarinho, nada cai do céu.
Provável que fosse chover.
Ela me jurou. Em um tom (in)confidente, disse que chovia na cidade inteira. Mentira deslavada! Inverdade documentada! Inverossímil palpite! Faz-me de tolo com o guarda chuva ainda mais seco que quando saiu de casa. Toma-me por sonso, figura ridícula: debaixo do braço o guarda chuva e nem vestígio no céu do sobrenome deste.
Mas não fica por isso, silenciosa revolta, fico mais dez anos sem vê-la, e mais dez depois disso. Aí quero ver como ficas. Sem a mim e outros tantos traídos, guarda chuvas à postos juntando poeira da rua.
E um leve cutucar no ombro me chama atenção. Vem do alto, não detrás.
Ah! Torrencial chuva...
Melhor levar um guarda chuva, pensei. E levei.
E o trago comigo debaixo deste céu meio nublado –ou meio ensolarado, vulgar discurso de otimistas. E ando nas ruas à espreita, a espera de um pingo que precede a tromba d´água. Ele não vem.
Provável que fosse chover.
Foi o que disse a moça no jornal e toda a gente sabe muito bem que o tempo da metereologia imprecisa ficou pra trás há muito. Hoje as chances são de 99.9% e se erra uma vez em mil é infinitamente improvável que o faça no dia em dez anos que resolvi dar atenção ao que dizia.
Mas ainda não choveu.
Nem um pingo me consola. Nem um cuspe descuidado. Nem a água das plantas do terceiro andar de um prédio. Nem uma merda de passarinho, nada cai do céu.
Provável que fosse chover.
Ela me jurou. Em um tom (in)confidente, disse que chovia na cidade inteira. Mentira deslavada! Inverdade documentada! Inverossímil palpite! Faz-me de tolo com o guarda chuva ainda mais seco que quando saiu de casa. Toma-me por sonso, figura ridícula: debaixo do braço o guarda chuva e nem vestígio no céu do sobrenome deste.
Mas não fica por isso, silenciosa revolta, fico mais dez anos sem vê-la, e mais dez depois disso. Aí quero ver como ficas. Sem a mim e outros tantos traídos, guarda chuvas à postos juntando poeira da rua.
E um leve cutucar no ombro me chama atenção. Vem do alto, não detrás.
Ah! Torrencial chuva...
Peixe Poesia Peixe
peixe peixe poesia
jaz mudo em aquário mundo.
peixe peixe poesia
o gato comeu sua língua?
era angorá bonito
e se enroscava em minha perna (bamba)
era siamês despótico
e em seu carinho afago
com as garras me feria as costas
peixe peixe poesia
em meu lugar, o que farias?
peixe peixe poesia
muito sinto ou sinto muito
mas peixe dourado é churrasco pra gato
peixe peixe poesia
o gato comeu minha fantasia...
jaz mudo em aquário mundo.
peixe peixe poesia
o gato comeu sua língua?
era angorá bonito
e se enroscava em minha perna (bamba)
era siamês despótico
e em seu carinho afago
com as garras me feria as costas
peixe peixe poesia
em meu lugar, o que farias?
peixe peixe poesia
muito sinto ou sinto muito
mas peixe dourado é churrasco pra gato
peixe peixe poesia
o gato comeu minha fantasia...
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