Eu não consigo ficar só. Ou: não sei ficar só.
A ironia: não sei me tampouco estar acompanhado.
É bem simples, diz o didático professor, trata-se, basicamente, de traçar o seu papel e seguir a etiqueta. Ser um bom ouvinte, ser espirituoso, demontrar-se envolvido, etc, etc.
Ainda que tenha isso tudo, é como nada. Como se: houvesse um quebra-cabeça com a última peça grande demais pra encaixar. Ou: está tudo certo menos o... detalhe.
O desconfortável detalhe, lembra? O detalhe: um pingo fora do i; eu fora daqui. Um teatro de marionetes? Um ventríloco! Precisamente isso, um ventríloco de todo mundo que não diz qual a sua fala, ou não diz qual é a graça.
E sem saber se doce ou amargo, você (eu) pensa como seria bom se se estivesse sozinho pensando como seria bom estar acompanhado pensando outra coisa.